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21 de dezembro de 2014

Bruxelas: diário de uma peripécia

Uma viagem excelente para ir numa sexta-feira à noite depois do trabalho e aproveitando o fim-de-semana é Bruxelas. Podem apanhar um voo da vueling que parte de Lisboa sexta às 20h e chega a Bruxelas já perto da meia-noite. Foi o que fiz. E efetivamente foi um fim-de-semana inesquecível desde o primeiro momento. Também há voos diretos pela Ryanair e TAP. Esta viagem foi feito em modo solo female traveller. Estava por minha conta, a viajar sozinha.

Enquanto esperava pelo vôo de sexta-feira íamos sendo avisados que o mesmo estava atrasado cerca de 1 hora. Sabia que em Bruxelas o último comboio para a cidade era às 00h20, por isso comboio já não podia apanhar. Telefonei para o hotel a dizer que ia chegar mais tarde e lá continuei eu à espera do avião. Finalmente lá chegou e a estimativa de chegada era 01h15 da manhã. Quando chegámos a Bruxelas, o aeroporto estava vazio, escuro e  havia uma tendência geral, que já havia notado, de fazerem os turistas percorrer km pelo meio do aeroporto, escadas rolantes, subir para o piso 1, para voltar a descer mais à frente por outra escada rolante, passar por corredores gigantes com publicidade gigante, pelo meio de lojas, muitas lojas, fazer todo um trajeto onde dizemos para dentro de nós "pois, realmente, este aeroporto é bastante moderno e enorme", para chegarmos por fim à saída, que estava "já ali".

Aquela hora e tendo em conta que não havia transporte, restava-me ir de táxi. Já não havia comboio, o próximo seria só às 4 da manhã, nem autocarro, por isso peguei nas minhas coisas e lá fui eu. O taxista era muito simpático. Perguntou-me de onde eu era e ia-me avisando de locais com interesse turístico à medida que entrávamos em bruxelas. Chegámos ao hotel e ele lá me disse quanto tinha de pagar. A comparação mais imediata que me vinha à cabeça era da viagem a Dublin no fim-de-semana anterior, que tinha pago 25eur por cerca de 13 km. O aeroporto de Bruxelas distava o mesmo, por isso não estava à espera de grandes alterações de preço. Mas já devia eu saber que somos todos diferentes e que tudo neste mundo funciona de forma diferente. 55eur. Nem quis acreditar. Dentro de um envelope tinha 50eur, que me seriam suficientes para o estilo de vida que faço quando viajo e disse-lhe que aquilo era tudo o que tinha, que eu podia ir a uma caixa multibanco levantar mais, mas ele tranquilizou-me e disse que não havia problema. E lá fui eu, agradecendo muito ao senhor e pedindo muita desculpa pelo sucedido.

E saí daquele táxi. E mal saí de lá pensei na beleza daquela praça onde estava o hotel. Não me podia ter calhado melhor. Num espírito natalício, aquela praça estava muito bem iluminada e o frio era uma espécie de problema à parte (até porque adoro frio). Fiquei no Hotel la Madeleine, na Rue de la Montagne a uns 200 metros da Grand Place, a praça mais conhecida de Bruxelas - e que algumas pessoas costumam dizer que é a única coisa que Bruxelas tem de interessante para ver.

Entro, começo a tirar o meu BI e dirijo-me à recepção. Digo que tinha telefonado ainda em Lisboa a avisar do atraso do meu voo e entrego o meu BI. Do lado de lá, a voz do receptionista só me dizia que não tinha a minha reserva. Não fiquei minimamente preocupada, estava bastante tranquila, mas começava a pensar que o fim-de-semana mal tinha começado e as peripécias não paravam de acontecer. Voo atrasado, a conta do táxi e agora o hotel. Restava-me esperar, dar-lhe a referência da minha reserva e ir questionando se estava tudo bem e se já tinha encontrado a minha reserva. Ele não me respondia. Ficava a teclar no computador sem olhar para mim e sem me responder. Nesse momento eu perguntava-me se a culpa era minha, se era eu que estava a falar baixo, ou se simplesmente ele não respondia mesmo de todo. Passado uns 20 minutos lá me disse: tinham feito o check-in por mim e por isso é que não aparecia em sistema. Eram 2 da manhã, queria era descansar.

Fui para o quarto escrever estas minhas peripécias, pensando que ainda agora tinha chegado, era sexta-feira, faltava-me o sábado e o domingo e já me tinha acontecido tanta coisa. Que mais me podia acontecer? E assim começava a pensar na beleza de viajar. O que nos acontece sai tanto do ritmo do nosso dia-a-dia, põe-nos à prova, vivemos tantas experiências diferentes, que o acto de viajar só pode ser belo. Para o bem e para o mal. Desde o início considerei tudo como mais uma vivência por isso, logo no sábado já começava a ficar entusiasmada "será que hoje vou ter mais histórias para contar?".

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